segunda-feira, 4 de outubro de 2010

HISTÓRIAS DE SÃO JOSÉ...

Foi assim que uma leitora especial deste blog pediu pra eu contar as histórias, que certamente um dia se transformarão em livro: “Histórias de São José”

E começo as “Histórias de São José” com “O Circo que o vento levou”.

Era mês de julho e ventava muito em São José e um circo bem pequeno resolveu instalar suas tendas por aqui. Quando eles estavam quase concluindo deu o que chamamos aqui de “redimuim” e levou tudo, foi um corre-corre daqueles, objetos voando pra um lado, tenda pro outro, os trabalhadores do circo ficaram loucos.

Com isso, a primeira sessão do circo foi adiada, mas, o trabalho tinha que continuar, pois como diz um velho ditado: O espetáculo não pode parar! Assim, o dono do circo procurou o Prefeito que cedeu o centro social, onde hoje funciona o CRAS.

O ano era 1986 e eu tinha 12 anos. Arrumei-me todo e fui pra primeira noite do circo no centro social, afinal era um grande evento um circo na nossa cidade, por mais “fulera” que fosse.

Então cheguei ao espetáculo e sentei na primeira fila. Estou lá assistindo quando entram dois palhaços e começam a fazer palhaçadas e chamam duas crianças. Eu, sempre amostrado, não resisti e levantei a mão. Lá vou eu pra brincadeira que era de esconder um ovo. O palhaço chegava escondia o ovo em algum lugar da minha roupa e outro ficava procurando, sei que no final o óbvio aconteceu: Os palhaços quebraram o ovo na minha cabeça. Lá estava eu, todo “ovado” (Entenderam não é? Ovo+Melado=OVADO), todo mundo rindo de mim, e assim fui pra casa, chorando, mas, já arquitetando minha vingança, pois como diz Beto Carneiro, vampiro brasileiro: Minha vingança será maligna!

No outro dia, por onde eu passava alguém gritava: Cabeça de ovo, cabeça de ovo, vocês imaginem apelido no interior, se pega heim? Mas, p... da vida ainda, fui na mercearia de Zuca e comprei 30 ovos. Ao chegar à minha casa eu os enterrei isso no sol ao pingo do meio dia. Os ovos passaram exatos 03 dias lá, gorando como diz o matuto, e eu todo dia ia pro circo e os palhaços ainda tiravam onda: Olhe o cabeça de ovo ali! Todo mundo ria, mas, minha vingança já estava traçada e o que era deles guardado.

Esperei exatamente o último dia, o grande show, o último espetáculo, aquele que se coloca carro de som na rua, se faz promoções, enfim, tudo pra lotar o circo. Como 30 ovos era muito, recrutei um amigo, e juntos entramos com as sacolas de ovos podres. Coincidência ou não, que foram os primeiros a se apresentar? Quem? Os palhaços ora, e ainda ficaram me procurando, do tipo: O cabeça de ovo ta por ai? Ah, mas o cabeça de ovo tava e perguntei: Posso ir ai? O palhaço para aparecer disse: Claro, venha aqui! Coitado...

Você que está lendo esta história já sentiu um cheiro de um ovo podre? Se não, você não tem noção, pense assim num cheiro de bicho morto misturado com peido de ressaca de churrasco, é pior, muito pior. Quando eu me aproximei do palhaço eu disse: Tá aqui um presente pra você! E tome ovo, e meu parceiro do outro lado, na retaguarda, pra onde eles corriam, era ovo podre. O que foi de gente inguiando, vomitando, correndo, chorando, enfim, a vingança foi maligna, e o melhor que o apelido de cabeça de ovo depois deste dia não vingou.

No outro dia eu soube que os palhaços não conseguiram dormir tentando tirar o mau cheiro que não saia. Dizem que os dias que os ovos passam enterrados são os dias que passam pra catinga sair, ou seja, neste caso 03 dias.

O “circo que o vento levou” foi embora no dia seguinte e nunca mais apareceu por estas bandas.

Moral da história: Nunca faça com alguém o que você não quer que façam com você!

2 comentários:

Mi disse...

Touché, eu sabia que a risada era garantida mesmo já conhecendo a história...vc é um escritor nato. Adoro suas histórias.
Parabéns!!!
Bjo

Anônimo disse...

Touchê, ri tanto que resolvi fazer o comentário. Acredito sim, que deves escrever e publicar esse livro. As histórias são muito boas, interessantes, Parabéns! Vá em frente.