terça-feira, 24 de maio de 2011

GALINHOS, UM PARAÍSO AMEAÇADO...

Sempre que viajo faço questão de interagir com as pessoas do lugar onde me encontro. Indo a Galinhos não foi diferente, pois fiz amizade com pescadores, donos de bares, dona de pousada, carroceiro, enfim, é um traço forte do seridoense conversar muito, fazer amizade e se importar com a vida alheia. Nesse caso, com o problema alheio.

Quando cheguei à pousada eu e Michely fizemos um passeio pela praia e para nossa surpresa, havia um tapete de peixes mortos, entre as espécies: bagres, corós, barbudos e outros peixes, todos pequenos. Aquilo já nos deixou aflitos e tentamos entender do que se tratava. Foi quando um pescador aposentado (vou resguardar seu nome para o mesmo não ser perseguido) se aproximou e nos contou que nesta época vários barcos pesqueiros lançam redes e recolhem todos os peixes, só que os pequenos não interessam, e por isso são jogados fora. Segundo ele, naquele dia, não tinha tantos peixes, pois ele mesmo já tinha presenciado a prefeitura abrir buracos para enterrar toneladas, e que em Galinhos este é um procedimento corriqueiro. Foi ai que sentamos e a conversa foi fluindo.

O aposentado nos contou que o fiscal do IBAMA aparece uma vez ou outra, mas, parece não enxergar o problema. Que aquilo é um problema pequeno, pois a ilha sofre problemas bem maiores, pois o rio e os mangues e a vida em volta está morrendo devido o avanço das Salinas e a criação de Camarão. Estas empresas chegam prometendo emprego, desenvolvimento, e na verdade só deixam destruição. Essas são palavras de um pescador, simples, mas que nos falou com a sabedoria de um estudioso e completou:
“Não precisei estudar pra saber que os filhos dos meus netos, pouco vão ver de natureza aqui! Eu também fui a favor do emprego, pois pensei que estes investimentos trariam progresso para minha cidade, mas o que vejo são poucos ricos e muitos pobres.”

Depois o pescador levantou, colocou seu boné e continuou sua caminhada e nos deixou refletindo sobre como poderíamos ajudar, para isso, conversamos com a dona da pousada, com o garçom do bar, com o carroceiro, com o barqueiro, enfim, tomamos vários relatos e todos foram unânimes: O desenvolvimento só tem destruído a natureza.

Diante destas declarações, entendemos que temos que passar o problema pra frente, criar fóruns, divulgar na internet, denunciar as autoridades competentes, enfim, me senti com esta responsabilidade, por isso, passarei fotos e estes relatos para meus amigos: Fred Galvão (funcionário do IBAMA), e para Moagno Hudson (policial ambiental).

Pra finalizar deixo uma frase que certa vez escutei e sempre faço questão de propaga-la: O pior crime da humanidade é sem dúvida o crime de omissão!

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